Congresso das Rádios Comunitárias demonstra potencial do setor

O evento reuniu diversas autoridades e projetou o futuro das rádios comunitárias

No último dia 24 de agosto (quinta-feira), a Câmara Municipal de São Paulo foi sede do 3º Congresso das Rádios Comunitárias “Força e Unidade”, uma realização do Fórum Democracia na Comunicação (FDC) com o apoio do poder legislativo paulistano. O evento, que debateu projetos de lei, necessidades do setor das rádios comunitárias, analisar o atual cenário da comunicação regional e diversos outros tópicos, contou com a presença de autoridades dos governos federal, estadual e municipal, bem como representantes de diferentes órgãos e entidades relacionados à comunicação pública, empreendedorismo, cultura e educação como Sesc, Sebrae e EBC (Empresa Brasil de Comunicação) que ministraram palestras a diversos profissionais das rádios comunitárias de todo o estado de São Paulo.

As mesas debateram temas relevantes para o setor e a importância das rádios para a população. Em sua fala, a vereadora Luna Zarattini ressaltou que “as rádios comunitárias são fundamentais no nosso país e devem ser fomentadas, incentivadas, ter apoio estatal e apoio de políticas públicas”. Ela apresentou um projeto de lei em favor das rádios que teve apoio de outros vereadores como a Elaine do Quilombo Periférico e Rodrigo Goulart.

O superintendente da EBC e autor da lei municipal de fomento às rádios comunitárias, José Américo Dias, ressaltou a importância do projeto original de fomento e do papel do Fórum Democracia na Comunicação: “Fizemos aqui a Lei de Fomento às rádios comunitárias de São Paulo, que eu acho que foi um incentivo muito grande para as rádios e que dura até hoje, essa lei tem sido executada muito bem. E eu sou um admirador do Fórum “, ponderou.

Outra mesa debateu o cenário nacional. A Dra. Daniela Naufel Schettino, Diretora de Radiodifusão Pública, Comunitária e Estatal da Secretaria de Comunicação Social, ressaltou a relevância das rádios comunitárias para alcançar todos os grupos de pessoas do país: “A gente sabe o quanto é difícil, o quanto vocês lutam, mas a importância disso para o país, que hoje ainda tem como a radiodifusão o meio principal de informação de mais de 73% da população, e alguns locais só rádios chegam só rádios comunitárias, a gente tem mais é que incentivar e apoiar o trabalho de vocês”, concluiu.

Durante a mesa sobre capacitação, formação e captação de recursos para rádios comunitárias, a jornalista Vera Ruthofer, consultora de negócios do Sebrae-SP, deixou uma palavra de incentivo aos cursos de capacitação para radiodifusores comunitários e para a comunidade. “Porque não uma rádio comunitária encabeçar um projeto de capacitação para um segmento, por exemplo, confeitaria, padaria, moda […] seriam vocês oferecendo para a comunidade uma ação do Sebrae, e o Sebrae junto com vocês em uma única ação desenvolvendo o empreendedorismo local”, explicou.

Por fim, na mesa final, o Secretário Especial de Comunicação da Prefeitura de São Paulo (SECOM), Marcelo D’Angelo esclareceu a relevância das rádios comunitárias da cidade de São Paulo para se comunicar com a população de uma cidade da magnitude da capital paulista: “São Paulo tem hoje 12 milhões e meio de habitantes, esse é um desafio muito grande, e a gente não conseguiria se comunicar com esse público sem a participação efetiva das rádios comunitárias. Mesmo com a televisão, a chegada de internet, e todas as outras mídias impressas ou eletrônicas: sem as rádios comunitárias a gente não consegue se comunicar com essa totalidade da população”.

Representando o Ministério da Cultura (MinC), o coordenador Yuri Soares, discursou sobre as políticas públicas para cultura, e todo o trabalho do Ministério em relação à comunicação comunitária, Yuri também relatou que se surpreendeu com a estrutura do arcabouço institucional vigente, e toda a organização das rádios comunitárias de São Paulo. “Conseguimos derrubar o veto da Lei Paulo Gustavo, que estamos implementando agora, são R$ 3,8 bilhões que estão sendo repassados a todos os estados, a mais de 98% dos municípios, e vocês também serão fundamentais nesse processo” explicou.

No encerramento do evento, a Dra. Marilene Araújo, do departamento jurídico do FDC, discursou, relembrando os avanços conquistados para o desenvolvimento do serviço de radiodifusão comunitária com os ministérios de Comunicação e Cultura, e fez menção honrosa ao ex-deputado Arnaldo Faria de Sá, que se tornou figura importante da luta das rádios comunitárias.

Por João Victor Montoza